Optei pelos contos. A exatidão e a profundidade emocional dentro de uma forma reduzida me seduziram. Essa concisão faz com que haja maior preocupação com cada palavra.
Durante um bom tempo incomodava ignorar uma história por não ter como substancia-la com provas. Mesmo concordando serem fundamentais. A mentalidade de uma época, porém não carece de provas. Esta embutida na própria história. Tanto na do indivíduo, como na do meio onde ele se insere. Liberado então, dei vida à ficção. O Caminho, O Inca e O Dragão de Jade estão dentro dessa visão.
Casa Blanca foi o conto inicial, quando percebi a relação que a internet estabelece entre as pessoas. O paradoxo de ser um leitor e ao mesmo tempo participar da história. Em O Dragão de Jade foi irresistível a ideia de compor um conteúdo histórico com essa nova abordagem. Solto pela imaginação, mas correto com as informações.
O Olhar veio de um noticiário policial. As pessoas reduzidas a uma mera notícia me incomodam. Como se jamais tivessem um passado. Uma vida simplificada pelo pequeno espaço das muitas informações da mídia. Como não tivessem importância maior do que aquele número de linhas.
A Pensão da Rua Jandaia e Uma Certa Senhora foram subsequentes, menos pela exposição biográfica, mais pelo resultado da observação. Nada além do que qualquer um pode observar nos dias.
Finalmente, O Portador. Lembrei-me dos desenhos do artista gráfico Maurits Cornelis Escher , que à partir de uma malha de polígonos representando um motivo conduzia o desenho até trocar de motivo sem alterar a área do polígono original. Busquei a transformação de uma ideia em outra sem que se percebesse a transição.
Não quis esperar outros contos para uma publicação. Senti a necessidade de voltar aos poemas, ligado mais à poesia do que à prosa. Mas antes, quis abrir ao público este trabalho. Talvez pela vaidade vã, talvez pela necessidade natural de expor a minha criação.
O título Contos Soltos é exato já que não há qualquer relação entre eles. Fui escrevendo o que me deu na cabeça.
Publicar na internet foi opção desde que não consegui me inserir no círculo das editoras comerciais. Não me importei como pensei que fosse me importar. Não há em mim a mesma necessidade comercial delas. Até entendi o processo, embora questione.
Quase um ano depois escrevi A Professora. O início de carreira da minha mãe. A aventura de uma menina na década de 40, isolada do mundo, num lugar perdido numa ponta ferroviária de São Paulo. Hoje não haveria a aventura. Não há lugares isolados. O mundo caminha num só movimento. Mesmo nos lugares mais remotos. Escrevi sem pretensões e gostei do resultado.
Espero que gostem.
18 de março de 2012
Mario Luiz Savioli
Comentários
Postar um comentário